sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Rock encorpado do Acre

Já estamos na rodoviária de João Pessoa, aguardando o ônibus pra Natal. Enquanto isso, reproduzimos na íntegra reportagem do Diário de Pernambuco:


Rock encorpado do Acre

No Norte do país, a expressão "caldo de piaba" significa algo ralo, aguado, sem conteúdo. O trio acreano que leva esse nome passa longe dessa expressão. Com baixo, guitarra e bateria, a combinação, verdade, é compacta. Mas as conexões com o nome terminam por aí. Saulo Machado (guitarra "e gritos"), Eduardo di Deus (bateria) e Artur Miúdo (baixo) fazem um rock vigoroso, encorpado e cheio de groove. No show que fizeram no Rec-Beat, na última terça-feira, eles tocaram deliciosas versões de I want you (She's so heavy), do Beatles, e No caminho do bem (Tim Maia). Nunca haviam tocado para um público tão grande, mas dominaram o palco, mesmo que, intimamente, não estivessem lá tão confiantes. "Quando eu olhava e via a multidão, eu fechava os olhos de medo", ria o baterista, em entrevista depois do show.



Caldo de Piaba tem conquistado espaço por meio de festivais independentes Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press


Juntos há menos de dois anos, a Caldo de Piaba está conquistando espaço por meio de festivais independentes. Participaram do Varadouro, em Rio Branco mesmo, e do Calango, no Mato Grosso. "Fazemos parte de um coletivode bandas, o Catraia, para fortalecer a cena local e estabeler contato com outros estados por meio do circuito Fora de Eixo. Isso viabiliza a nossa circulação fora do Acre", explica Eduardo.

Por enquanto, o trio nem pensa em deixar o estado do extremo norte. "O Acre é lindo, meu bem", tenta convencer Eduardo. "É um estado de fronteira, com uma cultura rica e um projeto piloto para conter o devastamento da floresta amazônica", explica. Tanto Eduardo quanto Saulo são nascidos no sudeste e migraram para o Acre levados pelos pais, quando eram pequenos. Filho da terra, só Artur. "Queremos circular com a banda, fazer shows, participar de festivais. Mas não pensamos em nos mudar do Acre para conseguir mais divulgação", diz.

Como a viagem do Acre até o Nordeste dura mais de 12 horas de avião, o trio aproveitou o convite do Rec-Beat para fazer uma miniturnê pela região. Já tocaram em Maceió, Arapiraca, Salvador e Campo Grande. Hoje, se apresentam no Espaço Mundo, em João Pessoa. Depois, voltam para o distante e, agora, menos desconhecido Acre.

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