segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

De Salvador à Recife

Salvador


No domingo, dia 7, a chegada à capital baiana foi frenética: depois de um dia inteiro viajando desde Arapiraca-AL desembarcamos na rodoviária e fomos levados pelo pessoal do Quina Cultural direto pra Boomerangue, onde rolou o Grito Rock Salvador. A casa é fantástica! Decoração impecável, boa estrutura de som e luz, três andares onde rolam diferentes ambientes. Foi projetada pelo Téo, um dos sócios e também vocalista da banda Irmãos da Bailarina, que faz parte do Quina.




Cassinha, experiente produtora de Salvador, explicou de onde surgiu o nome do coletivo: “uma quina é a junção de três pontos”. Os três pontos dessa quina são Cassinha, Big (do Big Bross e do festival Boom Bahia) e Téo (Boomerangue).



Assim como o Pop Fuzz que conhecemos em Alagoas, e também o Natora de Campina Grande, o Quina foi um dos coletivos que se agregou ao Circuito durante a Coluna Fora do Eixo Nordeste em outubro/novembro de 2009. É impressionante o crescimento da rede aqui no nordeste, e os horizontes que se abrem para a circulação das bandas pela região com a estruturação e fortalecimento de mais e mais coletivos.

O Grito Rock Salvador foi um sucesso! Público lotando a casa, bandas muito boas, atividades paralelas muito bem realizadas. Enquanto as bandas tocavam no piso principal, neste e no andar inferior rolava uma feirinha com brechó, artesanato, desenho, venda de cds. No andar superior, que funciona como um camarim, um artista fazia caricaturas do que tava rolando.



O show da Vendo 147 foi intenso. É surpreendente ver dois caras tocando uma batera clonada: os dois usam um mesmo bumbo, adaptado com duas peles batedeiras e microfonado por fora dos dois lados. Dimmy, à esquerda, tem uma caixa mais profunda (talvez de 8”) e pratos de ataque e de efeito. Glauco, à direita, tem prato de condução, uma caixa menor e um cowbell. Mas o show não se destaca porque o set de bateria é fora do comum. Os caras trampam muito bem a divisão dos arranjos da batera. As duas guitarras e o baixo pesados completam um som instrumental difícil de classificar, que passeia por muitas vertentes do rock. Falei pro Dimmy que era metal, mas ele jura que ninguém ali é metaleiro. Destaque também pro show dos Irmãos da Bailarina, um rock com referências fortes dos anos 80 e muito bem executado. Nosso show foi muito legal: estávamos à vontade, o público próximo e receptivo, e tudo fluiu bem. Destaque pro trampo de sonorização e iluminação feito por um mesmo técnico residente.


Dois dias mais na capital baiana

Passamos ainda dois dias em Salvador, muito bem hospedados no apartamento de Cassinha, no bairro da Pituba. Lá a gente provou uma deliciosa moqueca de camarão servida com um creme de feijão meio adocicado, feito com leite de côco, tudo preparado pela Cristina, funcionária da casa. O resto do pessoal achou meio estranho o feijão doce, mas eu achei muito gostosa a mistura com a muqueca.


Entre um assunto e outro pra resolver pela internet, conseguimos dar uma escapada pra praia nos dois dias. Na segunda fomos até a Barra, na terça, Stela Maris, já na saída norte. Na Barra testemunhamos a montagem da mega estrutura de camarotes que se ergue a cada ano entre as praias de Ondina e da Barra. O trânsito, consequentemente, bem engarrafado. Turistamos tirando fotos no Farol da Barra, o Saulo tentou fazer um dreadzim (que não durou um dia preso no cabelo dele), e logo retornamos pro apê da Cassinha.



No começo da noite o CH, baixista dos Retrofoguetes, gentilmente nos buscou em Pituba e nos levou, junto do Morotó, guitarrista da banda, pra um show muito foda, do Baiana System, que rolou num espaço chamado Pelourinho Cultural. Na verdade era um dos últimos ensaios abertos deste interessante projeto, cheio de participações especiais, que vai rodar o circuito Barra-Ondina em cima de um trio elétrico.

O Baiana é um sistema de som jamaicano com tempero baiano: Dj, duas guitarras baianas, e um paredão de percussão de lá, liderado pelo vocalista Russo Passapusso, completa a gig um baixo seguro ina jamaican style. Resistência do atlântico negro em tempos de carnaval pasteurizado naquelas terras. Neste ensaio aberto participaram: Bnegão, Black Alien, Lucas Santana (que também discotecou e se apresenta no primeiro dia do Rec Beat, em Recife) e o Retrofoguetes. Nossos cicerones da noite também tem um projeto, o Retrofolia. Um resgate de canções dos primórdios do carnaval de trios, com foco na valorização da guitarra baiana.

Di Deus


Rumo ao Recife

Nos despedimos de salvador, em meio a um trânsito inacreditável que quase nos faz perder o ônibus das 19h45. Rumo a Recife. 12 hrs de viagem num ônibus super 'granfino' com direito a lanchinho. Biscoitinhos de todos os tipos embalados num saquinho, que lembrava um saco de leite em pó, onde a propaganda estampada era - Diga não ao tráfico de animais silvestes. Digno, pois no ônibus tinha mais gringo que gente e na mini tv passava um filme em inglês sem legenda. Meio sectarista, diriam uns, mas turismo é o comanda por aqui.

Depois de um assalto à mão armada na rodoviária de Aracajú num lanchinho pra tirar o gosto de biscoito, o resto da noite foi só sonho. Pela manhã, chegamos na rodoviária do Recife e já deu pra perceber o clima de carnaval. Sejam bem vindos coloridos e com ilustrações carnavalescas típicas. Lindíssimo.

Gabriel, Carlinhos e Victor, do Lumo Coletivo, nos levaram pra conhecer o estúdio de ensaio deles. De lá fomos pra casa da Mayara, nossa anfitriã, também do Lumo. A energia e a hospitalidade fez nos sentirmos em casa. Rô (mãe de Mayara e Yasmin) nos recebeu de braços abertos com um strogonoffe de carne, um arrozinho, batata palha e coca cola bem gelada. Fazia tempo que não tínhamos uma refeição 'normal'. Na verdade quem cozinhou foi a Yasmin, irmã de Mayara, a cozinheira do Lumo. Manda muito bem.


À noite fomos pro Fortinho de Olinda. O carnaval mais famoso e tradicional do Brasil, acontece em vários pólos descentralizados, na cidade toda de Olinda e Recife, levando alegria e folia para mais de 10 pontos onde as pessoas podem ir curtir o carnaval mais próximo da sua casa. A programação é fantástica. Vimos o maestro Spok e sua orquestra de Frevo ( incrível!) e Carlinhos Brown.

No dia seguinte assistimos ao show de Alceu Valença e da Academia da Berlinda, também em Olinda. Em breve, mais sobre o show em Campina Grande e os outros dias de folia no Recife.

Kaline


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