sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Caldo de Calango por Piaba

Piabas no Calango 2009


Nesse último fim de semana rolou o festival calango 2009. Fui no festival a convite da organização pra tocar com o Caldo de Piaba. Fomos escolhidos através do catálogo fora do eixo. Depois de 36h cansativas de chão chegamos em cuiabá mais quente do que nunca. De calorosa de fervorosa. Galera do cubo trampando a mil, juntamente com o auxilio da galera fora do eixo. Representantes de vários coletivos de todo Brasil envolvidos no festival e no trampo. Inclusive a gente, os piabas, representando o Catraia. Além participarmos do festival enquanto banda, fomos levando um exposição de instrumentos musicais construidos aqui no acre pela NS Luthieria. Inclusive, tocamos com um baixo e uma guitarra da NS.

Um dos fatores mais importantes em um festival da ABRAFIN e Fora do eixo como o Calango, é a possibilidade que se tem de trocar informações, experiências e tecnologias de trabalho.E isso foi muito bacana pois o festival vem num conceito de artes integradas então você tem a troca com outros segmentos além da musica.
O Festival dispensa elogios quanto a produção. A galera trampa pesado pra que tudo corra como o planejado. Nisso você tem um atendimento de primeira, qualidade na hospedagem, no translado e no festival. Uma galera envolvida na comunicação produzindo conteúdo na íntegra. Internet,blog, textos, vídeos, twitter bombando e um puta planejamento de sonorização eficiente e eficaz.

Nós como banda tivemos todo suporte necessário para fazer a execução do nosso show com tranquilidade e mto swing hehehe. Isso é importante, porque aqueles 30 min são valiosos., pois podem mudar a carrera de uma banda. É o tribunal dos jornalistas, os juízes dos festival e do circuito!!!

Normalmente quando se fala de festival com uma programação extenso de bandas, imaginamos que tenha muita banda e pouca qualidade sonora e estética. O calango esse ano provou o contrário. Muitas bandas é verdade, mas todas elas me pareceram bandas prontas. Claro que uma banda ali, outra aqui não é muito a praia que a gente faz e costuma ouvir normalmente. Mas a grande maioria sabia o que queriam ali em relação a sua proposta.

A primeira noite teve o destaque pra Venusvoltz (SP), Walverdes (RS), O garfo instrumental do Ceará, Rinoceronte de Santa Maria RS e claro, Macaco bong já estabelecida no cenário como uma das bandas mais bacanas da atualidade.

Rinoceronte(RS)

VenusVolts (SP)

Fotos por Carlos Magno


Segundo dia de festival. Mas corre da galera, mais coisas legais acontecendo mais troca de tecnologia e claro mais musica. Sabadão. A primeira atração pra mim, já foi a mais foda da noite. O cara surpreendeu todo mundo. Um argentino solamente, o gente boa Gomes. O show é só dele. É isso mesmo, o cara faz o show sozinho. Assim que chegamos em Cuiabá rapidamente já rolou um comentário sobre um cara que fez um show na prévia sozinho sem banda (a banda era ele) e deixou todo mundo de cara. Quando vi a programação, lá estava ele no sábado.. vamo lá. O cara é muito louco. Começa o show gravando loopings com o violão, logo em seguida grava algumas bases e sobe na batera, depois começa a cantar, gravar ruídos. Nisso ele vai gravando tudo simultaneamente ao vivo e ele executa 30 min de loucura sonora. Vale a pena conferir o cara: Proyecto gomes.

Destaque no sábado também para a carioca Jonas sá, com perfomance frenética, acompanhado pelo Do amor , Mini box lunar do Amapá e o Devotos de Pernambuco, que fechou a noite.
Mini Box Lunar. Por Rafael Monteiro

Domingão, praça das bandeiras. Lugar muito bem escolhido pela organização. Ótima estrutura de som. Solzão, mas um vento massa. Os caras desceram lá de belem pra abrir o último dia de calango. o Sincera banda de Daniel Soares. Fazia tempo que queria ver o show deles. Mandaram ver um hardcore melodioso verdadeiro e convincente. Se os caras continuarem no corre, vão rodar bastantes festivais. Depois do sincera, o cômico Melda. o melda é outra banda de um cara só. Claudão Pilha, que toca também no Estrume´n´tal e organiza 1° Campeonato Mineiro de Surf que acontece na obra lá em BH. Com seu rock n roll, cerveja, mulher e frustrações comandou, com samplers de batera com influências de surfmusic, punk e grunge, guitarras nervosas e distorcidas. Muito bacana o Melda.

Em seguida o Black Sonora de minas que veio com uma proposta de funk com samba e muita música brasileira. Destaque também para Vitrolas Polifônicas de Cuiabá, Somero (RR) e Dom Capaz de Uberlandia. Todas bandas prontas competentes para fazer show em qualquer lugar. Daí veio lá do Paraná o Nevilton (o nome da banda é o mesmo nome do vocalista). Um ótimo exemplo de banda independente que faz o corres e circula fazendo varios shows no sul, sudeste. O nevilton era um dos nomes mas comentados nos arredores do festival, foi tido pela imprensa e os produtores como revelação. E foi incrivel, na segunda musica o público já entrou totalmente na onda da banda. Cantando as musicas e interagindo, fazendo uma animada coreografia coletiva. Nevilton é uma das grandes promessas do circuito. Vale a pena conferir, aqui.

Mas não acabou ainda. Tinha muita água pra passar nesse rio, e quem sobe ao palco é o Toninho Horta de minas. O cara é muito respeitado por toda classe musical. Já constituiu grande parte de sua carreira no exterior, tocou com toda a galera do clube da esquina de minas, Milton Nascimento e outros. Toninho é um ótimo guitarrista. Fiquei de cara com o trabalho de harmonia e improviso que a banda apresentou. É o show que toda banda instrumental deveria assistir. Uma aula de sensibilidade, técnica e humildade em cima do palco.

Logo em seguida no outro palco começa o Ebinho cardoso renomado contrabaixista cuiabano. Não deixou a desejar nem um pouco, com uma musica muito bem trabalhada, com melodias de bom gosto, fazendo misérias no baixo. Umas horas pareciam timbres de guitarra, outras sax e sofejos que compunham a proposta instrumental.

E então, o grande show da noite: Marku Ribas, o mineiro que trás na bagagem 48 anos de carreira. Já gravou na gringa, ja fez até filmes. Botou a baixo a praça das bandeiras e quebrou tudo com o seu samba rock jazzistico. Não deixou um ser humano sequer parado.

E fechando o festival, jogando em casa com o jogo ganho: Linha dura, mandando sua real da correria e dos anseios da quebrada. Acompanhado pelo Macaco Bong, fez um showzão com direito a participação da galera do Música do mato, projeto que envolve o macaco bong, ebinho cardoso, linha dura e outros artistas cuiabanos . Também vale a pena conferir.


O Calango acaba e continua se estabelecendo como um dos festivais mais importante do Brasil e eu me sinto honrado de poder presenciar esse processo.

Valeu

Saulim Machado.

2 comentários:

  1. Boa Saulinho! Texto muito bom... Abraços do Zen!

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  2. Maravilha de relato Saulo. Disse tudo, muita coisa que a gente da Rinoceronte presenciou e sobre domingo que não estávamos lá e curtimos muito saber. Entre tudo que presenciamos o show, a movimentação e sobretudo a parceria e alto astral de vocês (malucos muito gente boa), estão entre as melhores coisas deste fim de semana que marcou e muito nossas trajetórias, deixando saudade e ao mesmo atempo alegria por tê-los conhecido.
    Grande abraço e sucesso. Bora pra Sampa que o bicho vai pegá.
    Paulo
    RINOCERONT

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